sábado, 10 de maio de 2008

Nessa vida tudo passa, e você também passou.

Batata de Aline: "Eu quero a história de um golpe num país inventado. Poder e cobiça. Tem que ter um tiro na história". E a história é...


...Nessa vida tudo passa, e você também passou.

Pegou a bicicleta e foi atrás dela. Precisava loucamente encontrá-la, não só pelo desejo de vê-la, mas principalmente pela notícia que carregava consigo. Corria pelas ruas, com a ventania quase o derrubando. Ela já havia saído da escola, e o esperava encostada no muro dos fundos, como fazia todos os dias. Chegou ofegante, lhe deu um beijo rápido e se pôs a falar:

– Consegui. Consegui!
– Vai ser quando? – ela foi direto ao ponto.
– Hoje à noite.

Ela era filha do presidente do país X. Prometida a outro rapaz. Ele era só mais um estudante cheio de ideais contra o governo. Um amor proibido, eu diria. Mas não era bem um amor. Talvez, naquele lugar, isso não existisse.

A idéia era muito simples, mas a prática nem tanto. Foi tudo cuidadosamente planejado, e naquele fim de noite ela sabia que o pai e o noivo estariam juntos na sala de reunião. Seriam dois tiros, e tudo estaria resolvido.
Só dois tiros.

– Falta só um pouco – ele disse, no corredor.
– Um pouco... – ela parecia não prestar atenção no que ele estava dizendo.

Andaram mais um pouco, e ficaram próximos à porta.

– Vou entrar, me dá um beijo? – e ela o deu.

Ele abriu a porta, as mãos tremendo apontando a arma para as duas poltronas ocupadas.

– Você nunca mais fará o meu povo sofrer – disse, apontando para o presidente. – E você, nunca mais sentirá nem o perfume dos cabelos dela.

Engatilhou.

– NÃO!

Um grito. Um tiro. Um único tiro.
Alguns segundos.

– Porque...? Estava... tudo... dando certo...

– Nessa vida tudo passa, e você também passou.


Darshany.

E lanço a seguinte batata: quero a história de uma garota conhecida, mas com um nome diferente.