quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Se fiquei esperando meu amor passar...

Batata da Darsh: incesto entre duas lésbicas que não sabem que são irmãs.

Miriam passava distraída os dedos entre as mechas louras de Clarisse em seu colo, enquanto esta acariciava uma fazenda de seda anil com que acabara de ser presenteada pela namorada. Ambas estavam felizes, de uma felicidade tranqüila e simples, quase invejável por quem quer que as visse assim unidas. E sua conversa nesse instante, pode-se dizer, que refletia exatamente esse estado de espírito.
_ Ai, Mih, é lindíssima, não precisava!...
_ Pára com isso, Clarinha... - e falava meio séria, meio sorrindo - A minha mãe vive me trazendo metros e metros das idas dela à China, você sabe... Ela agora é cônsul do Brasil por lá...
_ Sua mãe viaja muito, Mih. Parece meu pai...
_ Ele está aqui no Rio agora, não?
_ Sim sim, de férias...
_ A minha mãe também...
_ Você está pensando o mesmo que eu, Cla?!...
Clarisse não pôde deixar de esboçar um sorriso. Fazia uma semana que ambas haviam assumido oficialmente o relacionamento na Faculdade, a despeito dos olhares tortos de alguns desavisados que chegavam ao campus pensando estar ainda no século passado. Miriam, com vinte e seis, era apenas um ano e um mês mais nova, e tinha os mesmos olhos verdes que brilhavam agora. E a conversa prosseguia, mudando para um tom mais aflitivo, porém alegre ainda:
_ Miriam, eu amo você. Lá em casa já passei pelos piores momentos da minha vida para que meu pai me aceitasse como sou... - pausou, e fitou aqueles olhos para prosseguir - A questão é: o pior já passou... Agora que somos adultas, eles... Estão mais calmos.
_ Acho que concordo com você...
_ Meu pai até perguntou de você lá em casa.
_ Nossa, Cla, eu ia falar o mesmo da minha mãe, mas achei que você fosse ficar com vergonha!
Riram, invadidas por um oceano pacífico de felicidade plena.
_ Então, o que estamos esperando para oficializar isso à moda antiga?, perguntou Clarisse. Ao que Miriam respondeu, entre séria e brincalhona:
_ Vou marcar um jantar lá em casa essa sexta...
_ Oba!...
_ Leva seu pai, tá?!
_ Sim, sim. Ele vai adorar te conhecer.
_ Vai dar tudo certo, né?
_ Tão claro quanto sou Clarisse.
Agora era esperar.
O que elas não esperavam era por aquele olhar do pai de uma se cruzando com o da mãe da outra na sala, numa sexta-feira à noite, na sala de Miriam em Ipanema. Aquele olhar que congelou os movimentos de ambos, deixando as namoradas confusas entre si e gritando feito loucas para ver se recuperavam a atenção daqueles que estavam ali para se conhecer, mas...
_ Acontece que já nos conhecemos, desde há muito, muito tempo... - explicou Mauro à filha Clarisse, lívido como o mármore da sala - Fomos obrigados a nos separar pelos superintendentes dos serviços secretos da ABI...
_ Mas isso foi há muito, muito tempo... - disse Regina, fitando o nada.
_ Será que dá para vocês nos explicarem o que está acontecendo, pelo amor de Deus?! - implorava Miriam, gritando entre lágrimas e uma expressão de raiva, só contrastada pelo desalento de Clarisse na poltrona.
Clarisse entendia tudo antes da amiga, quase sempre... Estava condicionada pelos exercícios de lógica que o pai lhe dava a raciocinar em meio a crises, e foi sua voz suave que explicou a Miriam, num murmúrio, o que se passava.
_ Nós duas somos... Irmãs, Mih. De sangue... - ao que Miriam caiu sentada no sofá em frente. Mauro e Regina ainda fitavam um ao outro, pasmos, separados somente pela mesa de jantar. - O Serviço Secreto possui uma birra entre suas duas maiores agências que não permite a seus dois agentes um relacionamento do tipo que os nossos... Pais tiveram há vinte e sete anos. Foi isso que meu pai quis dizer.
Silêncio.
As ondas batendo na praia iam vencendo a dureza das rochas em seu trabalho lento, mas incansável, de enfeitar a areia com as conchas ali afloravam após nascerem no fundo do oceano.
by bia de barros
A minha batata: quero a história de uma família que abriga outra em sua casa, de religiões diferentes, em meio a uma guerra religiosa, e vêem seus filhos únicos unidos pelo amor.

domingo, 3 de agosto de 2008

Domingo no parque.

Batata da Aline Dias: "Sabe aquela música, domingo no parque? Quero-a em narrativa."
gilberto gil - domingo no parque

Leiam a letra da música clicando aqui.
E a história é...


... Domingo no parque.

Esta é uma história trágica sobre dois amigos: João e José. Se você não suporta sangue, finais infelizes e mocinhas que se ferram, não termine de ler.

João e José eram melhores amigos, apesar de serem completamente diferentes em todos os aspectos. João era pedreiro, másculo, o típico garanhão. Pegava todas, e não se prendia a mulher alguma. Tinha fama de briguento e estava sempre com um corte na testa por conta disso (ok, não necessariamente na testa). José era feirante, franzino e magrelo, e namorava sério. Não matava nem mosca. Se dava bem com todo mundo, sempre sorridente e brincalhão.

Os dois acreditavam que as diferenças é que faziam se darem tão bem. Amizade de infância, sabem como é. Mas eles tinham algo em comum: o amor por Juliana (mas José não sabia desse detalhe, vejam só). Moça bonita, essa Juliana. Professora de prézinho, sempre com aqueles vestidos longos e rodados, mas que marcavam muito bem o bumbum. Boca carnuda, sempre pintada de um rosa leve. Deixava os homens loucos. Era namorada de José há três anos, mas não agüentava mais aquela vida. Queria que José subisse na vida, mas ele insistia que trabalhar na feira era suficiente. Juliana era a mulher: José era capaz de matar por ela. E João, casar.

Em um certo domingo, João mudou seus planos. Normalmente, ele ia para a Ribeira jogar capoeira, ou arrumar confusão. Mas naquele domingo ele resolveu ir atrás de mulher, para dar uma variada. No meio do caminho, recebeu uma ligação de Juliana, que estava muito nervosa. Foi encontrar-se com ela. As mulheres podem esperar, pensou João. Não muito longe dali, José fechava e guardava sua barraquinha. Tinha planos para aquela noite: pedir Juliana em casamento. No caminho de casa, resolveu dar uma volta no parque perto da boca do Rio. Acho que vou trazer Juliana aqui hoje, pensou ansioso.

José andava pelo parque, sorrindo como sempre. Já tinha a cena do pedido de casamento na sua cabeça: ele e Juliana sentados na roda gigante, bem lá no alto. Foi então que, olhando para o brinquedo imaginando a noite perfeita, ele viu. Viu algo que desfez seu sorriso de um jeito que nunca havia acontecido antes. Juliana, o sonho de sua vida, ao lado de João, seu melhor amigo. Ela segurava uma rosa e um sorvete na mão, e os dois riam bobamente, como se fossem namorados. José rapidamente sentiu como se aquele sorvete congelasse seu coração, e os espinhos da rosa lhe ferissem. Ele sangrava por dentro, mas não sabia mais se era de tristeza ou ódio.

A mente de José girava. Desgraçados!, era tudo que conseguia pensar. Aproximou-se da entrada da roda gigante, e esperou que Juliana e João saíssem. Pegou sua faca que sempre ficava no bolso, e aguardou. Quando os dois apareceram, olharam para José surpresos. Mas não houve tempo para desculpas ou explicações. José investiu contra eles. Primeiro, uma facada no pescoço de Juliana, que caiu morta na mesma hora. Depois, uma facada no coração de João. E enquanto enfiava a faca cada vez mais fundo, viu João balbuciar: Seu celular... mensagem...

Os dois estavam mortos, caídos um ao lado do outro. O vermelho do sangue de Juliana misturava-se com o sorvete de morango derretido e a rosa despetalada. José tremia olhando os dois, enquanto uma multidão cercava o local e se ouvia a sirene da polícia cada vez mais perto. Ele pegou o celular e viu escrito 1 mensagem nova. Hesitou, mas leu. Seus olhos se encheram de lágrimas e ele caiu de joelhos no meio do sangue dos dois. Gritou um não alto e cheio de dor, e a polícia chegou.

Zé, tô indo falar c/ a Jú. Ela ligou nervosa, dizendo q queria terminar c/ vc. Vô vê se consigo acalmar ela e dar uns conselhos. Abç, irmão.

No dia seguinte, não teria José na feira, brincando com todo mundo. Nem João na construção, arrumando confusão por pouca coisa. Haveria uma turma de pré sem aula e em luto.


Por Darshany L.


Passo uma batata pelando com o seguinte tema: incesto entre duas lésbicas que não sabem que são irmãs. Quero tragédia, meu bem.