segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

As palavras não ditas.


Batata da Bia: Reconciliação de mãe e filha.

Nunca brigamos por motivos banais como quando vou dormir tarde ou quando fico extremamente egoísta ou possessiva com alguma coisa.
Eu sempre perco a minha identidade de vez em quando e fico tentando me achar...É justo aí que eu e ela começamos a brigar. Não é briga de tapa na cara e nem de filhas das putas,mas é uma coisa pior e mais forte, algo que me machuca e a corta ferozmente.
Sempre percebi que a culpa era minha e que no fundo eu tinha os meus motivos. Ela sabe que se estou viva e bem até hoje, foi porque ela cuidou e olhou por mim.
Percebi que quando estamos brigando,eu estou brigando comigo mesma porque estou sempre entediada.
Todos os dias fazemos aas pazes em silêncio, mesmo quando não temos nada pra desculpar.
E eu não quero machucá-la, nunca mais.
Flora V.

Minha batata: uma história de amor entre uma fã e um astro de cinema, em poseia.

domingo, 9 de novembro de 2008

Bus.

Batata da Aline: "Uma mulher jovem, bonita, engraçada e inteligente que se envolve com um cara mais velho que ela por conta de um jogo de sedução que começou como brincadeira. E uma trilha sonora de Caetano ou Cazuza."

Cazuza - O nosso amor a gente inventa


Ele parecia um modelo. Eu tinha vontade de chegar para ele e dizer: meu filho, vai ser protagonista de seriado americano, vai. E virou assim, uma paixão meio platônica. Não vou dizer que sou uma mulher jovem, bonita, engraçada e inteligente, porque eu não passo de uma garota bonita, engraçada e inteligente. E como eu me perdi completamente por um cobrador de ônibus, é a história contada aqui.

Ele não era tão mais velho assim. Devia ter 25 anos talvez? Talvez. A verdade é que nunca soube. Tudo começou numa noite, quando eu voltava da escola. Deve ter sido paixão à primeira vista, mas não tenho certeza, porque nunca senti e essa foi a única vez. Meu coração acelerou e não entrava na minha cabeça como um cara tão bonito daquele jeito podia ser cobrador de ônibus. Durante todo o caminho para casa, não consegui tirar os olhos dele, até que ele percebeu e eu tentei disfarçar.

Assim foi durante vários dias, eu olhava, e quando ele percebia, desviava. Me sentia ridícula. O que ele devia pensar de mim? Gravei os horários dele, e perdia o ônibus de propósito só para vê-lo. Depois de um tempo, ele passou a sorrir para mim. Eu não sabia se era exatamente para mim, mas preferia acreditar, e sonhar depois quando fosse dormir. Meu Deus, ele era lindo demais.

Comecei a tentar traçar estratégias para começar um diálogo. Mas eu não conseguia. Porém aquela brincadeira toda de olha-desvia-sorri estava me dando nos nervos. Chegou a um ponto em que eu precisava dele tanto, que não via nenhuma outra possibilidade na minha vida, a não ser aquele cobrador de ônibus com cara de modelo.

E, talvez por ter percebido essa minha loucura, ele veio até mim. De tantas formas que, aqui deitada ao seu lado, enquanto ele dorme com sua face colada em meu colo, chego à constatação de que realmente estou perdida.


Por Darshany L.

Minha batata: uma festa, um encontro, tequila e beijos.

domingo, 12 de outubro de 2008

O Bruxo

Batata da Flora: Uma história sobre as últimas horas de Machado de Assis (é para inventar mesmo).



O padre saiu, mas não sem dar a benção e recusar-se a dar a extrema-unção. Joaquim insistiu. Fez com que o padre voltasse. Ele sabia que cedo ou tarde iria embora desta vida sem poder publicar qualquer livro que viesse do além.
Não queria dedicar mais nada a verme nenhum. Nem queria ser comido por qualquer bicho. Mas o padre tinha que voltar e dar a unção para que Joaquim pudesse ir embora sem culpa por tantos verbos.
Quando o padre foi embora, Joaquim Maria Machado de Assis pediu que lhe deixassem sozinho no quarto. Fecharam a porta e as janelas e ele se cobriu. Respirou fundo. Sabia que ela chegaria a qualquer momento.
E ela estava ali. Cabelos mui pretos e longos, boca vermelha e pele louçã.
- Estava te esperando.
- Duvido muito, Machado.
- Estava te esperando.
- Certo. Com tanta convicção vou começar a achar que você é uma espécie de bruxo.
- Não sei. Mas tenho um último pedido antes de ir embora com você.
- O que quer?
- Xadrez.
- Competir comigo?
- Costumava ser bom.
- Eu li sua ficha. Bom em xadrez e prosa. Talvez você ainda tivesse muito a produzir.
- Se eu ganhar...
- Não vai ganhar de mim. Se sim, pode ficar mais tempo.
- Não sei se quero.
- O seu tabuleiro, onde está?
- Na estante, junto com alguns livros. Pode pegar?
- Claro. Não quero que você se esforce muito.
E os dois entraram num jogo apertado. Ela, traiçoeira e ele planejando cada nuance. Não foi fácil para ela e por um momento pensou que perderia uma das encomendas mais preciosas do além.
Mas por alguma dor que ele sentiu, desconcentrou-se e foi traído pelo próprio dom.
Xeque mate.

Minha Batata: Uma mulher jovem, bonita, engraçada e inteligente que se envolve com um cara mais velho que ela por conta de um jogo de sedução que começou como brincadeira.
E uma trilha sonora de caetano ou cazuza.
(lalalalalala)

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Acontece que belas palavras nem sempre amarram um coração.

Batata da Bia: um cara que deixou de ser poeta após uma desilusão amorosa.

Acontece que belas palavras nem sempre amarram um coração.
Eu tinha uma musa, assim como todo poeta. Ela não se parecia com a mulher ideal do Álvares de Azevedo, mas era bem branca... tão branca que dava para ver o sangue correr pelas veias.
De tanto cismar em ser poeta, consegui conquistar os quadris inquietos da bela jovem.Fui dos quadris aos pés, dos pés aos seios, dos seios aos lábios, dos lábios aos nervos.
Ela sempre se mostrava gentil e sedutora, mas me deixava claro que naquele idílio amoroso não seria apenas uma amadora. Fui amando intensamente, destruindo o corpo dela como um furacão. E fui deixando a casa toda desarrumada para que ela não pudesse colocar os pés no chão.
Acontece que belas palavras nem sempre amarram um coração. Ela gostava de amar lento, pedia moderação, mas como eu poderia me desintoxicar aos poucos se estava loucamente sedento?
Acontece que belas palavras nem sempre amarram um coração. De desespero e paixão,sufocava minha bela musa sem qualquer preparação. Ela, todavia, uma grande vadia, fez questão em me mostrar o caminho da decepção.
É por isso que agora digo que belas palavras nem sempre amarram um coração.
Flora V.
Minha batata: quero uma história sobre as últimas horas de Machado de Assis (é para inventar mesmo).

sábado, 13 de setembro de 2008

Novas Estrelas No Céu de Philistia

Sugestão da Flora: escrever a minha própria batata e lançar uma nova, "mais fácil"... E lá vai :p

Ashira nasce em Nazaré num dia agradável de setembro de 1990, tendo sido no mesmo instante abençoada por Abba e Miriam, seus pais, em nome de Jeová. Quando a moça completou quinze anos, foi-lhe ofertada a escolha do marido - por ela negada com delicadeza, pois ainda não descobrira o verdadeiro amor em sua vida.
A família era judaica de esquerda, e portanto não lhe casou espanto a decisão da filha, acolhida com muito carinho no seio de sua comunidade mesmo assim. Espantados ficaram com a notícia divulgada pela imprensa meses depois:

JERUSALÉM, 14 Mai 2006 (AFP) - A Suprema Corte de Israel ratificou neste domingo uma lei destinada a impedir que palestinos casados com cidadãos árabes israelenses morem em Israel, alegando que constituem uma ameaça potencial para a segurança do país.

Tudo ainda estava muito confuso, ninguém sabia ao certo o que deveria ser feito. Pareciam esperar por mais notícias. Abba telefonou a seus pais e avós na cidade palestina de Belém, para acalmá-los, dizendo que ele e sua família ficariam bem.
Acontece que os ancestrais de Abba, assim como ele próprio, eram árabes da região Palestina. Ao casar-se com uma moça judaica, adotou para os filhos a religião matriarcal da esposa, e foi viver feliz em Israel. Apesar dos temores compreensíveis de seus pais, disse-lhes que os israelenses não haviam de temer um médico tão respeitável. Tal se passara em fins da década de 1980, e a vida feliz que planejara agora sofria sérias ameaças em virtude da Lei que acabara de ser aprovada em Israel.
A mudança teve de ser feita às pressas, afinal. Pela determinação do Governo israelense, Abba deveria ir-se com toda a sua família - esposa e filha única - de volta à Palestina, o mais rápido possível. Ficaram instalados em casa de um primo de segundo grau de Abba, pois seus pais já doentes não tinham condições de lhe oferecer asilo. O homem temia pela filha e pela esposa, que agora eram minoria naquela terra cuja palavra de ordem era "Intifada". Mesmo assim, aceitou o abrigo do parente distante, e ali moraram por um tempo, até que Abba conseguisse voltar ao trabalho e se pusesse à procura de uma casa decente.
Somente no dia da partida, quase um ano mais tarde, ao notar a tristeza inconsolável da filha, deu-se conta: no tempo que se passara, o amor habitara o coração de Ashira. A moça estava perdidamente apaixonada por Dawud, filho mais novo de seu primo. Ambos eram quase da mesma idade, com uma diferença não maior que dois anos a mais no rapaz.
Abba decidiu conversar com Miriam, que achou formidável a idéia do marido: fazer a proposta formal. Ashira e Dawud casaram-se em cerimônia judaica, repetindo os passos de Abba duas décadas depois.
Mas se o passado era sombrio, o presente trouxera a Ashira seu sorriso de volta, que perdera desde que saíra de onde fora seu primeiro berço neste mundo insano.
[by Bia de Barros
Nova Batata: um cara que deixou de ser poeta após uma desilusão amorosa.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Se fiquei esperando meu amor passar...

Batata da Darsh: incesto entre duas lésbicas que não sabem que são irmãs.

Miriam passava distraída os dedos entre as mechas louras de Clarisse em seu colo, enquanto esta acariciava uma fazenda de seda anil com que acabara de ser presenteada pela namorada. Ambas estavam felizes, de uma felicidade tranqüila e simples, quase invejável por quem quer que as visse assim unidas. E sua conversa nesse instante, pode-se dizer, que refletia exatamente esse estado de espírito.
_ Ai, Mih, é lindíssima, não precisava!...
_ Pára com isso, Clarinha... - e falava meio séria, meio sorrindo - A minha mãe vive me trazendo metros e metros das idas dela à China, você sabe... Ela agora é cônsul do Brasil por lá...
_ Sua mãe viaja muito, Mih. Parece meu pai...
_ Ele está aqui no Rio agora, não?
_ Sim sim, de férias...
_ A minha mãe também...
_ Você está pensando o mesmo que eu, Cla?!...
Clarisse não pôde deixar de esboçar um sorriso. Fazia uma semana que ambas haviam assumido oficialmente o relacionamento na Faculdade, a despeito dos olhares tortos de alguns desavisados que chegavam ao campus pensando estar ainda no século passado. Miriam, com vinte e seis, era apenas um ano e um mês mais nova, e tinha os mesmos olhos verdes que brilhavam agora. E a conversa prosseguia, mudando para um tom mais aflitivo, porém alegre ainda:
_ Miriam, eu amo você. Lá em casa já passei pelos piores momentos da minha vida para que meu pai me aceitasse como sou... - pausou, e fitou aqueles olhos para prosseguir - A questão é: o pior já passou... Agora que somos adultas, eles... Estão mais calmos.
_ Acho que concordo com você...
_ Meu pai até perguntou de você lá em casa.
_ Nossa, Cla, eu ia falar o mesmo da minha mãe, mas achei que você fosse ficar com vergonha!
Riram, invadidas por um oceano pacífico de felicidade plena.
_ Então, o que estamos esperando para oficializar isso à moda antiga?, perguntou Clarisse. Ao que Miriam respondeu, entre séria e brincalhona:
_ Vou marcar um jantar lá em casa essa sexta...
_ Oba!...
_ Leva seu pai, tá?!
_ Sim, sim. Ele vai adorar te conhecer.
_ Vai dar tudo certo, né?
_ Tão claro quanto sou Clarisse.
Agora era esperar.
O que elas não esperavam era por aquele olhar do pai de uma se cruzando com o da mãe da outra na sala, numa sexta-feira à noite, na sala de Miriam em Ipanema. Aquele olhar que congelou os movimentos de ambos, deixando as namoradas confusas entre si e gritando feito loucas para ver se recuperavam a atenção daqueles que estavam ali para se conhecer, mas...
_ Acontece que já nos conhecemos, desde há muito, muito tempo... - explicou Mauro à filha Clarisse, lívido como o mármore da sala - Fomos obrigados a nos separar pelos superintendentes dos serviços secretos da ABI...
_ Mas isso foi há muito, muito tempo... - disse Regina, fitando o nada.
_ Será que dá para vocês nos explicarem o que está acontecendo, pelo amor de Deus?! - implorava Miriam, gritando entre lágrimas e uma expressão de raiva, só contrastada pelo desalento de Clarisse na poltrona.
Clarisse entendia tudo antes da amiga, quase sempre... Estava condicionada pelos exercícios de lógica que o pai lhe dava a raciocinar em meio a crises, e foi sua voz suave que explicou a Miriam, num murmúrio, o que se passava.
_ Nós duas somos... Irmãs, Mih. De sangue... - ao que Miriam caiu sentada no sofá em frente. Mauro e Regina ainda fitavam um ao outro, pasmos, separados somente pela mesa de jantar. - O Serviço Secreto possui uma birra entre suas duas maiores agências que não permite a seus dois agentes um relacionamento do tipo que os nossos... Pais tiveram há vinte e sete anos. Foi isso que meu pai quis dizer.
Silêncio.
As ondas batendo na praia iam vencendo a dureza das rochas em seu trabalho lento, mas incansável, de enfeitar a areia com as conchas ali afloravam após nascerem no fundo do oceano.
by bia de barros
A minha batata: quero a história de uma família que abriga outra em sua casa, de religiões diferentes, em meio a uma guerra religiosa, e vêem seus filhos únicos unidos pelo amor.

domingo, 3 de agosto de 2008

Domingo no parque.

Batata da Aline Dias: "Sabe aquela música, domingo no parque? Quero-a em narrativa."
gilberto gil - domingo no parque

Leiam a letra da música clicando aqui.
E a história é...


... Domingo no parque.

Esta é uma história trágica sobre dois amigos: João e José. Se você não suporta sangue, finais infelizes e mocinhas que se ferram, não termine de ler.

João e José eram melhores amigos, apesar de serem completamente diferentes em todos os aspectos. João era pedreiro, másculo, o típico garanhão. Pegava todas, e não se prendia a mulher alguma. Tinha fama de briguento e estava sempre com um corte na testa por conta disso (ok, não necessariamente na testa). José era feirante, franzino e magrelo, e namorava sério. Não matava nem mosca. Se dava bem com todo mundo, sempre sorridente e brincalhão.

Os dois acreditavam que as diferenças é que faziam se darem tão bem. Amizade de infância, sabem como é. Mas eles tinham algo em comum: o amor por Juliana (mas José não sabia desse detalhe, vejam só). Moça bonita, essa Juliana. Professora de prézinho, sempre com aqueles vestidos longos e rodados, mas que marcavam muito bem o bumbum. Boca carnuda, sempre pintada de um rosa leve. Deixava os homens loucos. Era namorada de José há três anos, mas não agüentava mais aquela vida. Queria que José subisse na vida, mas ele insistia que trabalhar na feira era suficiente. Juliana era a mulher: José era capaz de matar por ela. E João, casar.

Em um certo domingo, João mudou seus planos. Normalmente, ele ia para a Ribeira jogar capoeira, ou arrumar confusão. Mas naquele domingo ele resolveu ir atrás de mulher, para dar uma variada. No meio do caminho, recebeu uma ligação de Juliana, que estava muito nervosa. Foi encontrar-se com ela. As mulheres podem esperar, pensou João. Não muito longe dali, José fechava e guardava sua barraquinha. Tinha planos para aquela noite: pedir Juliana em casamento. No caminho de casa, resolveu dar uma volta no parque perto da boca do Rio. Acho que vou trazer Juliana aqui hoje, pensou ansioso.

José andava pelo parque, sorrindo como sempre. Já tinha a cena do pedido de casamento na sua cabeça: ele e Juliana sentados na roda gigante, bem lá no alto. Foi então que, olhando para o brinquedo imaginando a noite perfeita, ele viu. Viu algo que desfez seu sorriso de um jeito que nunca havia acontecido antes. Juliana, o sonho de sua vida, ao lado de João, seu melhor amigo. Ela segurava uma rosa e um sorvete na mão, e os dois riam bobamente, como se fossem namorados. José rapidamente sentiu como se aquele sorvete congelasse seu coração, e os espinhos da rosa lhe ferissem. Ele sangrava por dentro, mas não sabia mais se era de tristeza ou ódio.

A mente de José girava. Desgraçados!, era tudo que conseguia pensar. Aproximou-se da entrada da roda gigante, e esperou que Juliana e João saíssem. Pegou sua faca que sempre ficava no bolso, e aguardou. Quando os dois apareceram, olharam para José surpresos. Mas não houve tempo para desculpas ou explicações. José investiu contra eles. Primeiro, uma facada no pescoço de Juliana, que caiu morta na mesma hora. Depois, uma facada no coração de João. E enquanto enfiava a faca cada vez mais fundo, viu João balbuciar: Seu celular... mensagem...

Os dois estavam mortos, caídos um ao lado do outro. O vermelho do sangue de Juliana misturava-se com o sorvete de morango derretido e a rosa despetalada. José tremia olhando os dois, enquanto uma multidão cercava o local e se ouvia a sirene da polícia cada vez mais perto. Ele pegou o celular e viu escrito 1 mensagem nova. Hesitou, mas leu. Seus olhos se encheram de lágrimas e ele caiu de joelhos no meio do sangue dos dois. Gritou um não alto e cheio de dor, e a polícia chegou.

Zé, tô indo falar c/ a Jú. Ela ligou nervosa, dizendo q queria terminar c/ vc. Vô vê se consigo acalmar ela e dar uns conselhos. Abç, irmão.

No dia seguinte, não teria José na feira, brincando com todo mundo. Nem João na construção, arrumando confusão por pouca coisa. Haveria uma turma de pré sem aula e em luto.


Por Darshany L.


Passo uma batata pelando com o seguinte tema: incesto entre duas lésbicas que não sabem que são irmãs. Quero tragédia, meu bem.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Madalena

Flora pediu:
Quero uma história sobre um grupo de extermínio que ataca político corrupto.

Fumou um cigarro escondida. O patrão não podia ver que ela fumava, nem que estava tensa. Ela tinha que se manter calma. Tudo seria feito naquele dia mesmo. Chegariam todas as pessoas na surdina e Madalena distrairia o patrão para que ele chegasse bem tarde em casa.
Ele estava demorando a chegar e ela tinha medo que ele sentisse o cheiro dos cigarros. Se lavou mais uma vez. Botou outra bala na boca. ele devia estar ocupado com algum projeto de lei ou alguma das muitas amantes. Ela tinha ciúme de todas. Especialmente por que ela via a fatura dos cartões e de tudo. Ela sabia as coisas que ele comprava - e que não eram para ela.
Chegariam logo.
Ele entrou silencioso, mas ela se assustou. Disse boa noite, e que não devia demorar.
Mais uma bala.
Ela ajeitou os peitos no sutiã, retocou o batom e entrou na sala dele. Ofereceu café.
Ele nem prestou atenção em nada. Abriu um botão da blusa. Ele ainda não prestava atenção. Saiu da sala e ele se assustou. Madalena fingiu não ligar.
Ele foi atrás dela ver o que estava acontecendo e ela acariciou-lhe a mão. Ele achou que tinha algo errado.
- E sua esposa?
- Está bem.
- E Joanna?
- Tenho que encontrá-la depois daqui.
- E eu?
- O que tem você, Madalena?
- Achei que estivesse na cara. - E cruzou as pernas.
- Trabalho. Não quero misturar nada. - e ela se aproximou dele, acariciou seu rosto e viu-o fechar os olhos.
- E se eu quiser?
- Os jornais.
- Prometo segredo. Também sou casada.
- E seu marido?
- Não estamos bem.
E ele ficou pensando se cedia ou não àquela tentação. Escondeu-se na sua sala.
Ela estava aflita.
Eles estavam para chegar a qualquer momento.
Ele resolveu que ia embora.
Saiu da sala, boa noite Madalena e tchau. Ela pulou em cima dele e pediu que por favor não fosse.
- Vai ser só hoje. Só uma noite pra eu tirar isso da cabeça.
- Então vamos daqui.
- Não!
- Qual o problema?

E eles entraram pela porta de sopetão e armados. Eram três. Ele tentou correr. Agarraram-na e atiraram nele. 4 tiros. Dois na cabeça, dois no peito.
Madalena achava tão bonito o granito do chão com aquela tinta vermelha. Tinha classe.
- Pronto. Está deposto. - disse o cara que disparou os tiros.
- Quem é o suplente? - disse o que segurava Madalena.
- Pouco importa - o outro respondeu.
- Vai levar alguma coisa, princesa? - O homem disse, soltando a secretária.
- O cartão coorporativo e só. O cara que está lá fora faz a compra. Vocês três foram vistos. Têm que sumir. Nem quero ver quando acharem o corpo. Me levem desacordada e finjam que é sequestro. Eu tenho que me empregar em outro lugar.


E minha batata:
Sabe aquela música, domingo no parque?
Quero-a em narrativa.

Segue:
gilberto gil - domingo no parque

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Amor bandido.

Minha batata: Quero uma história sobre um grupo de extermínio que ataca político corrupto.


Aconteceu bem assim:

Tinoco não queria trabalho sério de jeito nenhum. Às vezes me dizia que teria prazer em apagar alguns sujeitos...quando éramos crianças, eu nem levava isso a sério, até porque eu também tinha vontade de matar uns filhos da puta. Acontece que ele gostava de violência mesmo, acho que até o Rambo teria medo dele.
Eu cresci e fui trabalhar na pastelaria que o meu pai montou lá mesmo, na Favela da Rocinha. O Tinoco começou a se envolver com drogas, traficantes e sequestro de turista. Ficamos um bom tempo sem conversar, mas um tempo depois ele começou a ficar poderoso lá na favela, comprou o melhor barraco, sempre tinha fumo e pó nos bolsos e a mulherada não dava moleza pra ele.
Eu amava o Tinoco, desde criança, mas nunca falava sobre isso com ele e achava que ele só gostava de mim como amiga. Acontece que um dia desses, mais precisamente numa quarta-feira à tarde, Tinoco apareceu lá na pastelaria e perguntou se eu queria ser a mulher dele. O meu pai ficou louco de raiva e quase colocou Tinoco pra correr. Foi aí que ele mostrou quem é que mandava na área e no meu coração.Levantou a arma pro meu pai e disse que quem decidia ali era eu. Claro que eu preferi ir com o Tinoco, estava cansada de dar duro na pastelaria e ser escrava em casa... eu queria servir o meu homem, ter minha casa e quem sabe ter filhos.
Tinoco me dava tudo do bom e do melhor, me tratava feito uma princesa e fodia do jeitinho que eu gostava. Mas, como nem tudo são flores, ainda mais no tráfico, Tinoco começou a ficar irritado, parece que a polícia estava dando uma dura e tiurando sossego dos traficantes. Tinoco começoua chegar emcasa tarde, algumas vezes machucado e muito nervoso.Eu não perguntava nada, servia a janta e cuidava dele.
Num sábado os viciados subiram o morro atrás de droga, o Tinoco estava com pouco pó,mas precisava vender o que tinha para os cheiradores. Infelizmente nesse dia o Tinoco acordou com muita febre, e eu suspeitei que fosse a maldita dengue. Sem poder se levantar, ainda delirando, Tinoco me implorou pra que eu levasse a droga. Eu concordei, faria qualquer coisa pro meu homem, até dar a minha própria vida.
Desci com a coca. Encontrei alguns clientes,mas fui surpreendida, era uma emboscada da polícia que na verdade procurava o Tinoco.
Fui levada pra delegacia e assumi toda a culpa. Confirmei que eu era a mandante, que eu matei dois policiais, que eu controlava a boca. O Tinoco ficou livre de todas as acusações. Eu peguei 30 anos de pena, mas me soltaram com menos por bom comportamento. Tinoco nunca me visitou e nem nunca procurou saber o que aconteceu comigo. Claro que fiquei um pouco triste, mas eu o amava tanto que assim que saí da cadeia fui atrás dele.
O vagabundo continuava na mesma, um malandro de mão cheia. Fique sabendo, no entanto, que ele tinha se engraçado com umas vadias e que ainda por cima falava coisas horríveis sobre mim.Fui atrás do desgraçado no bar. Ele estava desmaiado em cima da mesa. Peguei o seu revólver e dei dois tiros na nuca, assim ele sentia menos dor.
Eu o matei porque eu não merecia tanta ingratidão pelo o que fiz por ele, e eu sabia de alguma forma que se não o matasse, acabaria perdoando aquele coisa ruim.
Final das contas: Assumi de verdade a boca e imortalizei o meu Tinoco na favela inteira.

Flora V.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Sete Palmos

Batata da Darsh: a história de um cara que chega tarde demais.

Na primeira carta levou apenas alguns dias para responder. Paletó gris no espaldar, charuto e tocos de vela acesos, escrevia com frenesi a matéria a ser publicada no La Tribune de domingo. O envelope de papel offset sobre a cerâmica à sua frente já estava lacrado e selado, endereçado ao Brasil. (Quanto tempo ao certo levou para postá-lo não se sabe.)
Aos poucos o enfeite encheu-se de cartas Vitória-Paris, sequer abertas. O aroma de rosas que exalavam obrigou-o a guardá-las dentro de uma caixa de papelão que ainda restara da mudança no seu quarto, aos pés da cama.
Tampouco se sabe se fora a constância das linhas que lhe entediara, ou se os compromissos de um colunista de sua estirpe que o obrigavam, qual dizia de si para si, a dedicar tão pouco tempo ao que vivia tão distante de seus olhos agora.
Os olhos...
Ele sabia que aqueles olhos aos poucos perdiam a habilidade de absorver a luz do dia, e que mesmo assim insistiram-lhe nas cartas, que chegavam já com letras mui distintas da primeira vez, ele adivinhava: ela sobre a cama forrada do verde-água daquelas íris ditava à irmã ou à cunhada, muito solícitas, tudo o que se passava naquela ilha.
Eram sempre as mesmas linhas: a precisão com que descrevia o lilás do poente em Camburi ou o arensar dos cisnes na Ilha do Frade fazia-lhe crer que ela ainda voltaria a ver, que as chances de uma cirurgia bem-sucedida não se haviam esvaído de todo. Ele lhe prometera conseguir o dinheiro, e voltar tão logo pudesse custear o tratamento com a melhor equipe médica da capital paulista.
Ele a amava, e não havia dúvidas de que fosse recíproco. No entanto, sentia um vazio ao notar o tempo a passar sem que desse conta de prestar contas ao que, aos poucos, era só passado, e passara a conformar-se que tudo era pó a escorrer numa ampulheta controladora.
Quando voltou, de limousine blackglasses, pulseira e relógio Ouro 24K, made in Berna, ele vislumbrou uma última vez a colcha de seda verde-água estendida sobre a cama agora tão fria... O espelho d'água que costumava aquecê-la agora estava encoberto pelo peso das pálpebras que não mais se abririam.
O doutor explicou que a doença avançara severamente; que com a negativa unânime de que fosse possível curá-la, padeceu da forma grave do transtorno afetivo conhecido como 'depressão', agravado pela espera de consideráveis sete anos pelo retorno do amado que chorou, pela segunda e última vez na vida, guardando uma rosa rubra a sete palmos do chão.

by bia de barros

Próxima batata: história de ação, envolvendo: tráfico de drogas, amor doentio e investigações perigosas no morro do Rio.

domingo, 6 de julho de 2008

Esse cara.

Batata de Aline Dias: "Eu quero a história de envolvimento entre duas pessoas que não se gostam, nem gostariam de estar se envolvendo. E trilha sonora do Caetano!" E a história é...

... Esse cara.

Caetano Veloso - Essa Cara


Esse cara lá de longe eu já vi, ele não me quer. Ele não te quer. Na escuridão que eu mal pude perceber, o cara eu vi, quase morri, eu já fugi.
Esse cara que me ignorou, mas nem chorou, eu não chorei. Eu corri.
Mas tudo em vão, porque na razão, ele nem ligou. Ele nem quis, era impressão, e não visão.
E quando tudo parecia bem, ele lá, eu aqui, longe. Aproximou.

O fedor de cigarro se tornou intenso de repente. Expremeram os limões e já não enxergavam mais nada. A mesa amarela era tudo que se tinha à frente, e não tinha razão que controlasse qualquer instinto. Não havia emoção, nem sentimento. Fingiram se desconhecer.

Pegou.
Beijou.
(...)

No dia seguinte eu soube: foi o álcool.

Por Darshany L.

Minha batata: quero a história de um cara que chega tarde demais.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Verdade

Batata da Bia!
História de alguém que conversa com o senhor do seu futuro e tem de escolher apenas uma coisa para nele mudar quando ele chegar.

- Não, Ana, Eu não quero mais botar poemas no papel. Essas coisas me travam, menina. - Ele falava com as mãos passando por entre os fios dos cabelos dela. E ela não sabia de onde ele tinha vindo. Tinha medo e desejo ao mesmo tempo. Sabia que ele era mais novo, bonito com seu sorriso inocente, nervoso e sexy.
A verdade é que já conviviam de outros tempos. Ela não sabia de onde, mas o conhecia botando poemas no papel e falando que tudo foi verdade por um instante. Naquele dia, ele tinha ficado mais bonito e sua voz parecia mais libido. Não queria que ele deixasse os poemas fora do papel ao mesmo tempo em que queria ouvir todos os poemas e que todos fossem para ela. Se ajeitou entre as pernas dele sentindo os músculos das suas coxas com as mãos espalmadas e atentas. Queria talvez lamber as coxas e beijar-lhe o pescoço, mas nem ao menos sabia quem ele era e de onde tinha vindo - além dos sonhos.
- Não, Ana, eu não quero mais nem que os poemas sejam postos. Estou cansado das coisas que eu escrevo. De ter que levar tudo absolutamente à sério.
- Então não leve, oras. Não precisa.
- Lembra de onde me conhece?
- Dos olhos?
- Não. Eles são assim exatamente para que você se sinta confortável, mas eu não devia me sentir confortável. - E ela mexia nas pernas dele sem pensar, mas pensando que não sabia nada sobre ele.
- Eu gosto que você se sinta.
- Eu sei. É disso que eu tenho medo.
- Das minhas mãos?
- Dos seus olhos e do seu cheiro.
- Por que?
- É isso que me atrai em mulheres que não deviam me atrair.
- Por que você está aqui.
- Pra te contar do futuro.
- Eu não quero saber.
- Eu também sei, Ana. Mas você pode mudar.
- Mudar o que? Ainda não veio.
- Eu é que devia não ter vindo.
- Quem é você?
- O Senhor do seu futuro. Homem que não existe e é responsável por você. Escritor dos seus poemas.
- Não gosto de poemas.
- Mas gosta de poesia.
- Não.
- Sabe a diferença, Ana?
- Tamanho?
- Poesia é sentimento. Se você não fosse cheia dela eu não estaria aqui, não teria sentido seu cheiro nem teria olhado nos seus olhos.
- E como é que você pode ser senhor do meu futuro sem nem saber meus olhos? - e nesse momento ela já não estava deitada, tentava não se ligar em cheiros e não apalpava nada dele com as mãos.
- Eu sabia antes.
- E agora?
- Ana, eu não quero mais botar poemas no papel.
- O que você quer?
- Te contar que você vai casar com um homem não muito bonito, mas de quem você gostará sem tanto desejo e com muita calma. Contar que você vai gostar de estar casada e de ter filhos loiros. Contar que você nunca vai pular a cerca mesmo muitas vezes querendo. E que você vai sempre dar um jeito de ser feliz sendo você com três profissões.
- O nome dele?
- Do marido?
- É.
- Jorge.
- Não conheço nenhum.
- Mas vai conhecer. E isso de hoje vai ser só um sonho que você não vai levar à sério e vai se esquecer. E eu nunca mais vou existir.
- E o que você quer?
- Nada. Dizer que você pode mudar uma coisa. Só uma dessas todas. E essa uma em si vai mudar as outras. E você pode não mudar nada. Mas é só hoje que você pode.
- Eu quero pensar.
- Tem a noite toda.
- Por que eu?
- Pelos olhos.
- E você existe?
- Sim, mas não posso aparecer pra ninguém nem pra você. As coxas que você apalpa não deviam ser apalpadas, nem físicas. Eu não sei lidar com ter um corpo. Eu nem sei sorrir ou sentir cheiro.
- A mim parece que sabe.
- É que cheiros me deixam tonto e salivando, querendo que o cheiro se materialize e talvez botar tudo na boca. Eu queria botar você na boca, mas eu não posso.
- Pode.
- Quem disse?
- É meu corpo, sobre ele sou eu quem digo.
- O contato não devia ser feito.
- Já foi. - E ela se aproximava dele, pegando nas suas mãos e cheirando-as em silêncio enquanto ele fazia a mesma coisa. Lambiam os dedos um do outro e depois os ombros e pescoço. Ficavam nus e ele não sabia mais o que nem como fazer. Tinha visto tudo muitas vezes e sabia bem como funcionava, o que devia fazer e o que queria fazer. Acontece que a prática é diferente do sempre observado e ele teve medo de tudo que queria com ela. Quis parar.
- O que foi.
- Ana, você precisa decidir o que quer mudar no seu futuro.
- Não quero que você seja senhor dele, mas gente.
- Isso eu não sei se posso mudar.
- Eu quero saber amanhã que tudo foi verdade.



Minha Batata:
Eu quero a história de envolvimento entre duas pessoas que não se gostam, nem gostariam de estar se envolvendo.
E trilha sonora do Caetano!

domingo, 15 de junho de 2008

Ela não quer ser santa.

Batata da Darsh: história de uma garota conhecida, mas com um nome diferente..
.
Indignou-lhe a negativa que recebeu como resposta aquele dia. Não podia entender: devia haver um engano. Sempre lhe disseram que há uma espécie de magia que envolve de mistério às virgens qual incenso do Olimpo, mas aquilo era demais. Maria Clara* era presidente da Comissão de Formatura do 3ºA, ora bolas: tudo que queria era uma réles coluna no boletim escolar mais popular da cidade _ porém, ao que parece, fora reprovada com louros de gargalhadas no Teste de Pré-Seleção mais cobiçado do Colégio.
Tudo porque ela carregava consigo esse bendito sinal, 'que não lhe permitiria atingir o âmago da coisa que mais rendia matéria pro jornal', conforme Vicky gentilmente lhe explicou.
Parecia até sina: quanto mais tentava disfarçar, mais percebiam. Quanto mais falava sobre sexo, com toda a desenvoltura fingida que conseguia, mais lhe lançavam aquele olhar de extrema compaixão que tanto detestava. Preferia a excomunhão.
Certa vez, até aprendera a usar e abusar do vocabulário de mais baixo calão que se teve notícia no Elite School em três gerações, a partir de um dicionário secreto que todos conheciam, mas cujas chaves apenas Os Editores possuíam (ela o surrupiou uma noite, quase foi pega, mas nada, nada adiantou: foi descoberta e ainda por cima, ao invés de receber um mero castigo, porém ser aceita no Grupo, não... Tinha de receber aquele 'não' e seguir satisfeitíssima sua casta vida). Tudo em vão.
Agora estava ali, em um semi-leito, a caminho da sua 'terrinha' nas serras capixabas e nada, no mundo, lhe faria mais bem do que um tenro abraço da sua mãe ao chegar em casa. Quiçá chorasse no ombro da irmã, não tão mais nova que ela assim, e com tão menores sofrimentos que os dela... O mundo não sabia o que era sofrer até ser rechaçado daquele jeito, ela queria ver alguém de fibra superar o que ela passava ali, tão longe de todos que a amavam...
Ela só não queria mais ser 'santa', mas não daria sua primeira vez de bandeja, pra qualquer um. Se houvesse um jeito, não seria mais ela mesma, nunca mais...
Abriu o caderno onde rabiscava todas as matérias que escreveria quando a recebessem n'O Jornal do Elite, e ao folhear algumas páginas (com cuidado para não as aproximar em demasia de seu rosto, para não as umedecer), parou para ler uma crônica aleatória, perdida, a qual ela sabia, jamais iria para um boletim daquele nível: era adulta demais. Sim, senhores: madura demais até para ela própria ao reler o que escrevera_ caso seu secretíssimo, sobre um platonismo antigo...
Não se reconheceu ali. Aquelas linhas não eram bobas, nem santinhas. Sorriu na mesma hora em que uma estrela brilhante surgiu em sua mente: jornalista que nada... "Mamãe, quando crescer quero ser escritora".
FIM
by bia de barros.
A próxima batata: quero a história de alguém que conversa com o senhor do seu futuro e tem de escolher apenas uma coisa para nele mudar qndo ele chegar.

Com vocês...

... mais uma colaboradora pro Batata Quente!





Bia de Barros chegou para não deixar esse blog morrer. Ela é sardentinha, fofinha, um amor. E escreve como adulta no seu blog criança.








E já já tem texto da Bia por aqui, pois ela escreverá a batata que eu passei há mais de um mês.

sábado, 10 de maio de 2008

Nessa vida tudo passa, e você também passou.

Batata de Aline: "Eu quero a história de um golpe num país inventado. Poder e cobiça. Tem que ter um tiro na história". E a história é...


...Nessa vida tudo passa, e você também passou.

Pegou a bicicleta e foi atrás dela. Precisava loucamente encontrá-la, não só pelo desejo de vê-la, mas principalmente pela notícia que carregava consigo. Corria pelas ruas, com a ventania quase o derrubando. Ela já havia saído da escola, e o esperava encostada no muro dos fundos, como fazia todos os dias. Chegou ofegante, lhe deu um beijo rápido e se pôs a falar:

– Consegui. Consegui!
– Vai ser quando? – ela foi direto ao ponto.
– Hoje à noite.

Ela era filha do presidente do país X. Prometida a outro rapaz. Ele era só mais um estudante cheio de ideais contra o governo. Um amor proibido, eu diria. Mas não era bem um amor. Talvez, naquele lugar, isso não existisse.

A idéia era muito simples, mas a prática nem tanto. Foi tudo cuidadosamente planejado, e naquele fim de noite ela sabia que o pai e o noivo estariam juntos na sala de reunião. Seriam dois tiros, e tudo estaria resolvido.
Só dois tiros.

– Falta só um pouco – ele disse, no corredor.
– Um pouco... – ela parecia não prestar atenção no que ele estava dizendo.

Andaram mais um pouco, e ficaram próximos à porta.

– Vou entrar, me dá um beijo? – e ela o deu.

Ele abriu a porta, as mãos tremendo apontando a arma para as duas poltronas ocupadas.

– Você nunca mais fará o meu povo sofrer – disse, apontando para o presidente. – E você, nunca mais sentirá nem o perfume dos cabelos dela.

Engatilhou.

– NÃO!

Um grito. Um tiro. Um único tiro.
Alguns segundos.

– Porque...? Estava... tudo... dando certo...

– Nessa vida tudo passa, e você também passou.


Darshany.

E lanço a seguinte batata: quero a história de uma garota conhecida, mas com um nome diferente.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

A maçã

A batata de Flora:

História sobre uma feminista quarentona, escritora, consagrada pelas suas teorias, que acaba se apaixonando por um rapaz muito mais novo. Sua vida muda completamente.

Edith Piaf - La Vie En Rose




O resultado:


Os cabelos eram longos e lisos e contornavam mui bem a pele branca e o sorriso quase inocente. Ele tinha um sorriso bem maroto e tímido, olhava pra baixo e sorria. O que vem agora é o cúmulo do clichê, mas eu tenho que dizer: eu não podia. Eu nem sabia quem ele era, mas era agradável. Ele tinha olhos verdes e era magro. Ele era tão pequeno. Parecia mais fácil que ele coubesse em meus braços do que eu nos dele. Parecia que eu deveria pegá-lo no colo logo, ao mesmo tempo que parecia que eu deveria beijar-lhe a boca instantanemente toda a vez que o via.
E era assim mesmo. Esbarrava com ele em todas as esquinas e quase não conseguia olhar nos olhos dele. Olhava, mas tinha que desviar e o desvio era automático em direção à boca. Tinha que beijá-lo. Tinha que puxá-lo para mim e estar com ele virada do avesso. Eu me sentia tão menina perto dele.
Eu me sinto tão menina quando ele me olha, tão nua. Ele me olha como se descobrisse o mundo e eu nunca tinha visto nada assim. Eu nunca tinha sentido nada assim. Eles eram sempre menos. Pode entender? Eu sempre quis ter voz!
Desde criança, desde pequena. Eu queria fumar os cigarros que eramde homem e ganhar dinheiro pra sustentar a casa. Nunca quis ser homem, é bem verdade. Gostava do glamour de ter seios redondos e grandes que eu podia apalpar e achar bonitos no espelho. Sempre gostei dos meus mamilos rosados e de ter entrada ao invés de protuberância. E sempre gostei da sensibilidade e de todas as coisas que dizem ser femininas.
Só que eu nunca quis ser mulher de Atenas. Eu nunca quis ser subserviente e simplesmente uma mulher. Eu não queria ganhar menos, como diziam que eu ia; nem ser professora, como papai queria. Queria ser jornalista de polícia. A última repórter policial romântica, subindo o morro sem salto pra todo mundo ver que eu era casca grossa.
A minha casca só engrossa. Só engrossou. E se eu queria ter os direitos que de fato tinha, parecia óbvio que era o poder quem me oprimia. Havia certa centralização e a superioridade de homens numa sociedade patriarcal. Eu achava bonito ser mulher, mas queria mostrar que é forte ser mulher. Que mulher é inteligente, que eu sou inteligente.
E como era gostoso subverter. Mais gostoso subverter escrevendo do que queimar sutiãs. Tão gostoso se equiparar, discutir sexualidade. Dizer que sinto sim tesão e nunca achar ponto g. Eu só não entendo por que é que eu tinha essa mania de achar que pra ser superior alguém tem que ser inferior.
E eu também não entendo como ele me olha com os olhos meio cobertos pelos cabelos. Eu não entendo como os olhos dele conseguem brilhar tanto e como ele fica bonito coberto de suor. Eu não entendo como é que eu posso ir pra cama com ele, se ele poderia ser o filho que eu jamais tive.
Tive que rever teorias. Tive que subir no salto pra ficar bonita e descer do pedestal pra conseguir conversar. Tive que tomar iniciativas que jamais tive. Por que pra ele eu era a professora bonita que nem se sabia bonita.
Ele quem me disse isso. Ele disse que gostava do mistério dos meus olhos, das minhas dores e do tom da minha pele. Ele disse que era bonito o fato de eu ser ruiva. Ele custou tanto a dizer...
É engraçado o agora. Gritei um bocado, fiz farra e escrevi muita coisa contra toda a hierarquia e toda a gente. Quis mudar cultura e discutir gêneros. É engraçado que eu esteja nua, deitada no sofá enquanto ele me pinta nua, entregue, e com vinte anos a menos que ontem, quando nunca tinha beijado aquela boca e não podia cair em tentação.

Minha batata: Eu quero a história de um golpe num país inventado. Poder e cobiça. Tem que ter um tiro na história.
Tá bom assim?

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Uma metade exilada de mim.

Carlos era professor da Universidade de São Paulo,além de solteiro e quase quarentão, gostava de passar o seu tempo dando aula de Opinião pública e lendo livros de orientação esquerdista.
Não diferente de muitos militantes,seu grande sonho era contribuir pra que a política brasileira pudesse oferecer o bem comum aos que dela necessitam; era um idealista, presente na luta contra as diferenças sociais; o professor mais engajado no lugar certo,mas na hora errada.
Acontece que Carlos se apaixonou por uma aluna também libertária ao extremo; moça inteligente,no auge dos seus 22 anos e no término do curso de comunicação social. Chamava-se Anita.Os dois se encontravam escondidos na casa de Carlos; o namoro era sério,mas por baixo dos panos literalmente e subjetivamente.Parece que Anita guardava um segredo e tinha receio de contar sobre o namoro para os pais.
Em meio ao ambiente de ditadura e repressão, Carlos foi denunciado por um espião dentro da Universidade;alegaram que era subversivo e uma ameaça ao regime. Como um passe de mágica, o professor de Opinião Pública desapareceu do mapa.
Sem notícias do amado e desconfiada de sua prisão, dedicou-se totalmente ao caso de investigar o paradeiro de Carlos, revelando assim o seu segredo: Era filha de militar. -Se Carlos estiver preso,será torturado- pensava diariamente. Recorreu ao pai,mas sem confessar o amor e o caso com o professor.
O General Faria sempre foi muito violento,pra não dizer também sádico,e como desconfiado que era,achou muito estranho o pedido da filha,mas era evidente que ele sabia do professor,sabia até quantos choques Carlos recebia no pênis e nos testículos por dia. Protelou um pouco e conseguiu descobrir por umas fontes que sua filha tinha um caso bem sério com Carlos.
Agora sim seria a hora de matar o sujeito,mas pensando bem,não era o que Faria faria sendo um militar bem sádico...Pois se Carlos morresse,como militante,toda a sua dor e sofrimento não seriam uma dádiva para um ser como Faria. Então,Carlos foi exilado da noite para o dia,tudo bem escondido,bem planejado.
Pode-se afirmar que o exílio foi pior do que a morte para Carlos, justamente o grande plano e desejo do General Faria.
Mas,como a própria história brasileira conta,eis que veio a anistia,e eis que volta Carlos,que se reencontra com Anita,que o esperava e abriu mão de sua pensão vitalícia pra se casar com o militante.
E assim,com um final mais ou menos feliz,eis que vem o clímax: Anita e Carlos,após a morte do general,defecam em cima de suas cinzas e desce tudo pela privada abaixo...
E pela privada vai o Brasil e a sua política de merda que precisa ser cremada urgentemente em conjunto com a escória que move o nosso PAÍS.
Flora V.

A minha batata super quente agora é a seguinte: História sobre uma feminista quarentona,escritora,consagrada pelas suas teorias, que acaba se apaixonando por um rapaz muito mais novo. Sua vida muda completamente. Quero a trilha sonora com uma música bem legal da Edith Piaf. Boa sorte!
beijitos
Flora v.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

E eu lhes apresento...

... a nova colaboradora do Batata Quente!





O degrau que estava faltando. Flora V. é nossa caloura, tem meiguice proporcional à sua altura e beleza e fala até de Elvis no seu blog-borracha.





E aguardem, pois a batata pelando passada por Aline Dias será escrita por ela. Sim, só porque é caloura.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Jane

Dona Darshany malvada propôs o desafio mais difícil ever (quero que escrevam um novo final para a personagem Alice (Natalie Portman), do filme Closer. ), mas tentei... Vá lá...


Olhou pra trás num misto de saudade e culpa. Talvez ela não devesse ter mentido o nome desde o início. Se tivesse confiado mais em si e nele e não tivesse se envolvido em tanta coisa ao mesmo tempo talvez tudo fosse diferente. Mas a verdade é que ela preferia fugir.
Cada fuga nova era uma proteção nova. Não dizer o nome talvez significasse nunca ser conhecida por completo. Tinha ouvido certa vez que a paixão se acaba quando a gente se conhece. Paixões são mantidas pelo mistério...
A idéia sempre pareceu aconchegante e interessante e Jane sempre se grudou nela como se não houvesse outra saída. O que doía, então, era que mesmo imersa em tanta paixão não tinha conseguido sequer acreditar em amor. Eram coisas diferentes e pesadas. As duas doíam e continuariam doendo pra sempre. Jane então tinha vontade de chorar e nunca mais se apegar em absolutamente nada. Tinha perdido sua única crença de paixão e mistério. Estava sozinha e sem chão. Comprou a passagem pra fugir mais uma vez. Foi embora.
Olhou pra trás num misto de saudade e culpa, não havia mais nada a fazer. Arrumou uma seringa, encheu-a de ar e injetou-a na própria veia.
Paixão sem mistério é sentir lentamente o sangue parar de correr no próprio corpo. Não havia mais corpo, não havia mais nada além de uma mala e lembranças de Jane que gostava de ser Alice.
.
Quanto à batata quente que vem de mim... Quero uma história de amor de uma filha de militar da ditadura com um militante de esquerda desses que foram torturados. E quero alguma música do disco Tropicália de trilha sonora.
*sou ruuuiiiim!

sexta-feira, 14 de março de 2008

A Bela Adormecida, Bêbada e Apaixonada.

"E passo a batata pra quem estiver afim de escrever uma releitura moderna de algum conto de fadas, mas quero a Branca de Neve, A Bela Adormecida ou a Cinderella. E quero alguma música dos Beatles de trilha definitiva e aparente. *só pra mandar vcs assistirem 'Across the Universe'" Aline Dias.

Então, como eu já havia assistido Across the Universe muito antes dela, adoro histórias de princesas e Beatles é uma trilha sonora perfeita, a história é...


Jim Sturgess - All My Loving



... A Bela Adormecida, Bêbada e Apaixonada.

Aurora achou que a festa ia ser simplesmente A festa. Ia fazer 18 anos, enfim. E havia o convidado. Tão óbvio. Era tão óbvio que não importava quem mais estivesse naquele lugar naquela noite, desde que ele estivesse, e seu sorriso ia de orelha à orelha quando pensava nisso. Escolheu o melhor vestido de todas as lojas da cidade. Apenas isso. Deixou o cabelo solto e normal, nenhuma maquiagem, nem nada. Era a chance de saber se ele gostava dela como ela era. Normal. Separou as músicas mais bonitas, e já sabia qual iria tocar quando ele chegasse.

Se ele fosse. Como podia gostar de alguém por tantos meses, e esperar por essa pessoa, sem ao menos saber se ele gostava mesmo dela? Aurora às vezes se perguntava isso, mas sua desculpa para si mesma era de que valia à pena. Valia porque ela sabia que ele era o cara, e ninguém ia tirar isso de sua cabeça. Seu melhor amigo, que era apaixonado por ela, tentava abrir seus olhos, mas era em vão.

Ele não foi. Não foi, e no fundo ela sabia que isso ia acontecer. Estava na cara o tempo todo. Sentiu-se a mais burra das garotas. Decidiu que queria dormir. E não acordar tão cedo. Dormir dormir dormir, e se um dia acordasse, já teria esquecido de tudo. Ninguém viu o que ela tomou naquela noite, mas adormeceu em sua cama e assim ficou...

Dois anos se passaram. Aurora continuava dormindo. Seus amigos não sabiam mais o que fazer. Até que alguém disse que ela parecia a Bela Adormecida. Seu melhor amigo teve a idéia no mesmo instante. Ligou o som, e colocou na música que ela tinha separado para o outro cara. Inclinou-se sobre Aurora e deixou seus lábios tocarem-se levemente. Ela abriu os olhos e ele sussurrou: Close your eyes and I'll kiss you, tomorrow I'll miss you... remember I'll always be true...
– Então era você o tempo todo – ela disse, sorrindo.
– Sim, era eu. E não me importo de você ter demorado para perceber.



Darshany.



ps.: peço desculpas às blogueiras pela demora do texto, e por ele ser simples e superficial, mas nesse momento foi o máximo que consegui fazer.

E eu lanço a seguinte batata: quero que escrevam um novo final para a personagem Alice (Natalie Portman), do filme Closer.


domingo, 9 de março de 2008

Fumaça

A batata que Bellon passou (Um garoto que roubava, uma mãe religiosa. No texto, um skate, uma noite chuvosa e uma "coroa" rica.) foi tensa, pra mim. Mas segue o que minha mente insana pode fazer:



- Alguém me disse que o cigarro prolonga a sensação de prazer.
- Não gosto de cigarros.
- Grande coisa. Não gosto de chuva e você faz pior que fumar um cigarro.
- Não estou tentando me suicidar aos poucos.
- Puritano demais pra quem estava mais cedo tentando roubar uma casa.
- E vai ficar jogando isso na minha cara?
- Claro. Era a minha casa e só deu errado por que estava chovendo.
- Está chovendo. E por que você insiste em dizer que deu errado?
- Você não está na minha cama por que eu sou bonita, garoto.
- Você é bonita.
- Eu sei. Mas você só está na minha cama por que o seu plano deu errado e você tinha que dar um jeito de compensar.
- Que tara doida é essa de ficar jogando as coisas na minha cara.
- Eu te peguei, garoto.
- Não gosto da fumaça na minha cara.
- Não gosto de chuva.
- Por isso não saiu como sempre faz?
- Andou me espionando?
- Precisaria?
- Sua mãe não ia gostar de saber que você andou me espionando.
- Minha mãe não ia gostar de saber que eu estive na sua cama.
- Você é tão bonito, menino. Tão bem traçado, forte, gostoso mesmo de morder...
- E daí?
- E daí que é estranho menino bonito como você assim roubando.
- A fumaça.
- A CHUVA!!
- Não posso parar a chuva.
- Não vou parar a fumaça.
- Vou embora.
- Como?
- De skate.
- Descer a ladeira assim com chuva e ainda correr o risco de a sua mãe saber de tudo?
- Vai contar pra ela?
- Se arriscou demais vindo roubar a casa de uma amiga dela.
- A mais bonita amiga dela.
- Você não está aqui por isso. Ser bonita não implica ter algo a ser roubado.
- Vai ficar jogando na minha cara?
- A fumaça e o roubo.
- Vou embora.
- Depois que me chupar uma última vez. Aí penso se conto ou não pra sua mãe.
- Não vai contar.
- Por que?
- Ela enfarta.
- Devia ter pensado antes.
- Você não quer que ela saiba da gente.
- Eu sou uma adúltera, você um ladrão. É tudo pecado, mas você é o filho dela. O que é que vai doer mais, se o filho vem a imagem e semelhança do pai?
- Vou embora.
- Pare de ameaçar e vá.
- Sim. Vou.
- Estou vendo.
- Esse cigarro não acaba nunca?
- Já acendi outro.
- Pra que?
- Estende o prazer, moleque.


E passo a batata pra quem estiver a fim de escrever uma releitura moderna de algum conto de um conto de fadas, mas quero a Branca de Neve, A Bela Adormecida ou a Cinderella. E quero alguma música dos Beatles de trilha definitiva e aparente.
*só pra mandar vcs assistirem "Across the Universe"

Beijos e batatas passadas.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Idiota.

Desafio as blogueiras a escreverem um texto com o tema: aborto. Elementos que deverão estar presentes: namorado arrependido e morte. (Darshany)
Pois bem, queria algo melhor. Tudo o quer consegui pensar foi em uma história apenas. óbvia.





Não sabia exatamente o que queria, mas o que era óbvio a espantava. Não queria que fosse apaixonada e lutava contra isso com unhas e dentes, embora, sem sucesso, não conseguia bater a porta na cara dele. Antes aqueles curtos anos que ficaram juntos tivessem passado mais rápido ainda; quando se ama não se vê o tempo passar. As horas de espera pelo barulho do motor de sua moto vindo pegá-la e todo aquele aperto no peito de uma ansiedade que só crescia a faziam estremecer dos pés à cabeça. E estremecia o coração, e ele se apressava em bater cada vez mais forte e cada vez mais ele capotava ao ver aquele cara ali, parado na porta, esboçando um sorriso enigmático e caminhando em sua direção para beijar-te de leve os lábios. Era quase uma rotina e ela não queria mais, e queria muito mais que isso.
Uma mulher sempre apaixonada pode ser boba, mas quando surge aquele aperto no peito, sempre sabe a hora de partir. Queria partir mas não conseguia, de forma alguma. Tudo o que ela sabia é que ele não lhe dava a mesma atenção dos primeiros anos. E que ele não lhe avisava mais dos lugares que frequentava, e ela queria dominá-lo como se domina um escravo. Não fazia por prendê-lo, mas queria-o desesperadamente, a todo momento. Aparecia de surpresa e não deixava-o dormir, e ele saciava-se em seus encantos de bela jovem. Abraçava-a e arranhava-a com todo prazer que um homem pode querer, enquanto ela apenas sorria e sussurrava um "eu te amo" antes de fazê-lo gritar. E depois apertava os parafusos de sua cama, ou trocava os lençóis. E ela queria que ele a amasse. E ele queria que ela fizesse suas tarefas escolares.
Toda mulher tem um faro, toda mulher sabe o quanto dói descobrir que seu faro capta os acontecimentos à distância, e toda mulher não quer acreditar em seu faro quase animal.
Qualquer dia ela descobriu um idiota ao seu lado na cama. A idiota era ela, no fim das contas. Por que acreditara em amor, sempre amor? Não via que só existia convivência, e amor, mesmo, existiria? E depois de se surpreender com seu próprio faro de caçadora, ele disse adeus. Sem maiores explicações, apenas adeus.
Ela, entre soluços e lágrimas, queria dar a volta por cima, e conseguiria mesmo sem os telefonemas dos amigos perguntando a todo momento se estava bem. Queria contar-lhe naquele exato dia em que ele jogara tudo pro alto. Não deu tempo, ele foi mais rápido e ela calou. Uma semana antes do fim do romance ela constatara, sim, tinha algo dentro dela que ela não esperava nem queria naquele momento. E queria que ele soubesse antes mesmo de sua família, queria um apoio, um carinho, um forte. Ele é um idiota, não serviria de forte, imaginou.
Já sabia o que faria, não contou a ninguém. E fez por conta própria e sozinha, e chorando e preocupada. Morreria, mas não teria nada que lembrasse aqueles anos bem-vividos e preocupados nem em sua vida nem em seu corpo. Morreria, mas não daria esse desgosto à família, nem terminara o ensino médio ainda. Morreria, se fosse preciso. E estava decidida. E o fez e não morreu e foi dolorido e demorado, um aborto. Meu Deus, um aborto. Não era uma vida ainda, pensava. A barriga é minha, faço com ela o que eu bem entender.
E nunca disse nada a ele.
E nunca disse nada nem mesmo a si própria, nem se acusou de qualquer coisa.
Algum pouco tempo depois, um telefonema. Não atendido, propositalmente.
O que quer que fosse, ela não queria.
Uma aparição em sua casa.
O que você quer? - ela.
Queria falar com você, menina. Andei pensando em umas coisas. - ele.
Lágrimas e um abraço apertado não-correspondido, e dessa vez ela estava decidida a não deixar que as pernas tremessem. Estaria arrependido?
Estou arrependido de ter te deixado, você é minha vida. - ele.
Não se derreteria por ele nem queria que acontecesse qualquer coisa passada mais uma vez. E mudou de cidade. E nunca mais pensou em voltar pra ele. E ele foi atrás. E ela revidou. E ele perseguiu, e ela não teve como correr mais, no fundo tinha certeza que seu desejo mais forte era aquele homem. Aquele idiota. Aquele grosso.
Um dia não conseguiu mais lidar com ele, com as coisas que fez nem com sua vida sendo controlada, que absurdo. Visitou a mãe e os irmãos, voltou pra casa. E atirou-se do décimo segundo andar.



Uh, amiguinhas. Lindas e famosas e aparecendo no jornal. :)
Agora eu passo a vez: Um garoto que roubava, uma mãe religiosa. No texto, um skate, uma noite chuvosa e uma "coroa" rica.


Camila Bellon

terça-feira, 4 de março de 2008

A Festa.

Apenas uma nota, antes de mais nada: o Batata Quente saiu no jornal, minha gente. A Gazeta de hoje, no caderno Conexão, página 04.

Eis o recheio da batata de Aline Dias: "E dessa vez eu quero um conflito. Briga forte mesmo entre duas personagens distintas de literatura clássica. Personagens de livros distintos de literatura clássica. Preferência por personagens conhecidos". E a história é...


...A Festa.

O salão estava cheio naquela noite. Rodadas das mais variadas bebidas vinham todo o tempo, erguidas em bandejas cuidadosamente equilibradas em mãos fortes e masculinas. Eram poucas as damas presentes. Metade delas tentava o máximo se comportar. A outra metade já tinha passado da cota de álcool no sangue. A música tocava em um ritmo louco, de modo a atiçar até as almas mais puras. Foi então que a mais (im)pura delas se levantou. Todos os olhares se viraram para ela, magnetizados.

"Lúcia ergueu a cabeça com orgulho satânico, e levantando-se de um salto, agarrou uma garrafa de champanha, quase cheia. Quando a pousou sobre a mesa, todo o vinho tinha-lhe passado pelos lábios, onde a espuma fervilhava ainda. [...]
Lúcia saltava sobre a mesa. Arrancando uma palma de um dos jarros de flores, trançou-a nos cabelos, coroando-se de verbena, como as virgens gregas. Depois agitando as longas tranças negras, que se enroscaram quais serpes vivas, retraiu os rins num requebro sensual, arqueou os braços [...] com o gesto, com a sensação do gozo voluptuoso que lhe estremecia o corpo, com a voz que expirava no flébil suspiro e no beijo soluçante, com a palavra trêmula que borbulhava dos lábios no delíquio do êxtase amoroso.
Deviam de ser sublimes de beleza e sensualidade esses quadros vivos, que se sucediam rápidos; porque até as mulheres aplaudiam com entusiasmo e frenesi."¹

Menos uma. Lá estava ela, "travessa, inconseqüente e às vezes engraçada; viva, curiosa e em algumas ocasiões impertinente."² Tão impertinente, que não pôde evitar os próximos acontecimentos.

– Palmas! Palmas para a grande dama da noite! Mas que piada... – ela batia as mãos cada vez mais forte, para atrair a atenção de todos os convidados. Sorria maliciosamente.
– Carolina³, por favor... – seu irmão, Filipe, tentou. Em vão.
– Deixe! Deixe que ela diga o que bem quiser – dessa vez era a voz sensual de Lúcia que reinou no salão. – Digas, qual a piada D. Carolina?
– Todos sabem que és a cortesã mais procurada daqui. Mas a vontade de fazer cena é maior, não é? – ela riu, esperando que alguém lhe acompanhasse. Estavam todos calados.

Lúcia desceu da mesa, com a raiva estampada no olhar.

– Já entendi. Tens inveja. Inveja do que sou e posso ser, enquanto a senhorita vive camuflada na sombra do irmão protetor. Inveja que todos me desejam, enquanto tens reservado apenas um homem, velho e acabado, esperando apenas por teu dote.

O sorriso desapareceu do rosto de Carolina. Ela levantou-se bruscamente da cadeira, esbarrando na taça de vinho e derrubando-o quando Filipe tentou impedir. O salão continuou em silêncio, e alguém abaixara a música. Carolina caminhou até Lúcia, em passos firmes. Aproximou-se e arrancou o arranjo improvisado de flores do cabelo de Lúcia.

– Não tens o direito de falar assim comigo.
– Tenho sim. Ofensa se responde com ofensa.

A duas estavam a apenas alguns centímetros de distância.

– Não ouse se comparar comigo, cortesã. Tens de ouvir calada, essa é a ordem natural das coisas. Com um estalar de dedos, posso acabar com essa tua fama em minutos.

Lúcia, no mesmo instante, esbofeteou Carolina. O ruído do tapa ecoou pelo salão.

– És uma criança, e nada sabes da vida ainda. Tens sorte de ser quem é, mas azar de não haver alguém para guiá-la e ensiná-la a tratar todos de igual para igual.

Carolina, ardendo de raiva, revidou o tapa de Lúcia. As duas se agarraram pelos cabelos, e caíram em cima da mesa onde minutos antes Lúcia enlouquecia à todos. Ficaram por muito tempo puxando os cabelos, dando tapas e unhadas. Ninguém se atrevia a chegar perto. De repente, cada uma rolou para um lado e ficaram deitadas, ofegantes, roxas e descabeladas. Haviam sangue e hematomas.

– Desculpa? – Carolina pediu.
– Não – Lúcia respondeu. Levantou-se, recompondo-se, e foi embora.


Darshany.


¹ Trecho e personagem do livro Lucíola, de José de Alencar.
² Trecho do livro A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo.
³ Personagem do mesmo livro acima.



Desafio as blogueiras a escreverem um texto com o tema: aborto. Elementos que deverão estar presentes: namorado arrependido e morte.

domingo, 2 de março de 2008

Em cima da mesa

Eis o desafio de Bellon: a história de uma moça dos anos 80, que quer estudar fora de sua cidade mas enfrenta o preconceito dos pais. Deverá conter: Lençóis rasgados, danceteria, notas ruins e saia plissada.

Em cima da mesa

Eu sei que tinha feito escondido. O vestibular e as músicas e as bebidas. Tudo era escondido. Minha mãe achava muito legal que eu fizesse magistério e desse aula em Iúna mesmo. Escolinha de primário. Mamãe era amiga do prefeito e não me seria difícil conseguir vaga de emprego, marido bem de vida, carro e filhos catarrentos.
Acontece que Mamãe não sabia que eu gostava mesmo de dançar em cima da mesa todas as músicas do Cazuza imaginando que ele me beijava inteira, mesmo sendo gay. Ela não tinha idéia de como eu mexia a cabeça e das coisas que eu pensava. Me via estudando e não entendia as notas ruins em matemática.
Mãe! Meu negócio sempre foi poesia! Filosofia! História! Tudo de humano me tocava e me fazia querer ganhar o mundo e ir pra longe de Iúna. Mas 88 ainda não era um bom ano pra isso. Mamãe gostava de lembrar que a ditatura tinha acabado de acabar e que os discos do Cazuza que eu ouvia tinham gosto de aids, como todo lugar que fosse longe de casa.
Ela nem podia me ver saindo de saia plissada, eu tinha que trocar e botar uma calça por que ela sabia que saias eram fáceis de levantar. Aí eu ia de rosa-berrante, brincos grandes e disposição de mexer os quadris e tudo o mais ao som de rock e atrás de carros.
"Eu fui dar! Mamãe!
Eu fui dar! Mamãe!
Eu fui dar um serão extra no trabalho..."

E nessas de trabalho de verão o meu leque de desculpas pra dançar de graça em balcões de danceteria aumentava. E eu até distraía a cabeça. Esquecia que o resultado das faculdades que eu tinha tentado enquanto ia visitar a tia doente ainda não tinham saído. E saíram. E meu nome estava lá apesar da matemática.
Gelei de medo de ir pra UFES. Gelei de medo de ter que trabalhar e morar em república. Gelei de medo ao ver mamãe me trancando no quarto pra eu não sair. Daí veio a coragem de arrumar as malas, botar a saia plissada, rasgar os lençóis pra amarrar e fazer uma corda e descer a janela silenciosamente e sem nenhum medo.
Cheguei a Vitória de carona. A vida era minha, como toda a música, o álcool e a faculdade.
Gelei de medo. Respirei fundo e saí cantando Cazuza, que já não me beijava, só apoiava por que eu também tinha medo de aids.
“vida louca, vida
vida breve
já que eu não posso te levar
quero que você me leve”





Enfim, resta a mim desafiar as meninas. E dessa vez eu quero um conflito. Briga forte mesmo entre duas personagens distintas de literatura clássica. Personagens de livros distintos de literatura clássica. Preferência por personagens conhecidos.

Beijos!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Coisas da paixão

Roteiro: Uma garota que vira soldado e vai para a guerra. A história deverá conter: céu estrelado, banco na praça e cartas envelhecidas com o tempo. (Amiga Darsh)






A noite fria soprava uma brisa arrepiante. Sentada no banco da praça vazia, observava as poucas estrelas que despontavam, brilhantes. Quis fazer um desejo; porém lembrou-se por um instante que não acreditava. Não acreditava. Desacreditava.

As estrelas, sempre as estrelas. Fora debaixo de uma sacada amarelada pelo tempo que observaram-nas, pela primeira vez. E passaram a observá-las sempre, a não ser que as nuvens as encobrissem. Era nelas que depositavam todo seu romantismo brega, todo seu desejo e as coisas de sua paixão. E foi num desses dias confessos de coisas da paixão que veio a notícia temida, e que mudaria o destino dos dois inesperadamente: Ele estava sendo convocado para a gurra juntamente com todo o exército de seu país. Ao abrir a carta vinda do presidente, uma lágrima rolou, e, ao dar a notícia à sua amada, várias delas formaram um oceano de saudade desesperadora.
Duas semanas depois partia ele, mochila nas costas e coturno nos pés. O frio intenso lhe deixava a face seca e seu aspecto triste deixava-a destruída por dentro. E foi em meio a esses cacos de paixão que o último beijo aconteceu antes que ele embarcasse no trem lotado. Debaixo da sacada amarelada. Sob a primeira estrela da noite.
Sentou-se no banco da praça, onde os últimos pedestres recolhiam-se a fim de evitar o vento gelado. Observou no céu as estrelas, que apareciam rapidamente. Bobagem pedir às estrelas, pensou. E fez uma prece silenciosa.
Um mês depois ainda sofria com a falta de notícias, havia visivelmente emagrecido e nunca mais observou as estrelas. Dois meses depois, a guerra continuava e o exército recrutava todos os rapazes que conseguia, tentando manter as trincheiras com um número razoável de homens. E ela, sob a luz da lamparina, tentava adivinhar como estaria seu amado naquele momento e saber se ele ainda estaria pensando nela.
Quatro meses haviam passado e nenhuma notícia de sobreviventes ou mortos. Estava prestes a tomar uma decisão que mudaria toda a sua vida: Cortou os longos cabelos, disfarçou os seios em uma camisa larga e confortável e apresentou-se na esperança de encontrar seu amado ainda entre os vivos.
Demorou quatro dias para receber a resposta do treinamento que duraria uma semana, e foi aceita. Os braços fracos esforçavam-se para superar os obstáculos do treinamento pesado, e, no fim, todos os soldados foram aceitos e embarcaram. O governo estava desesperado com o número de mortos e tentava repô-los, e qualquer coisa valia para se conquistar um território novo.
Ela estava nas trincheiras a duas semanas e procurava-o incansavelmente, sem sucesso. Procurava-o em meio às fardas iguais em todos os soldados e tinha a certeza de que ele a estaria esperando, com os braços feridos pela guerra abertos e aconchegantes. Procurava-o enquanto desviava de bombas e procurava-o enquanto ouvia o ensurdecedor barulho dos tiros vindo em sua direção. E cada rosto que via a desconcertava por não ser seu amado, quem tanto procurava.
A 21ª noite baixava sobre o campo de guerra. Ela, abaixada junto aos outros soldados, olhou para o céu e viu as estrelas. Distante dali, ele estava fraco e ferido. E olhou para o céu. E quis fazer um pedido. E o fez. E ambos lembraram do primeiro beijo e das coisas de sua paixão.
Oito meses transcorreram e ela, com dois tiros no braço e a desnutrição à flor da pele foi removida pelo exército. Descobriu-se que havia uma mulher infiltrada, logo ela. E não alcançou a meta de encontrar o amado. - Está morto, pensou. E pensou na falsidade das estrelas.
Passou sete anos pensando na perda do amado. Queria estar com ele, e teriam filhos se ele estivesse ali. Pensou em como seriam felizes, ou se talvez não estariam mais juntos. Talvez ele se apaixonasse por outra mulher, mas não! Era ela a mulher de sua vida. E nunca mais tocaria em nenhum homem.
Doze anos passados. O retrato do amado ainda na parede, e as rugas apareciam ao redor dos olhos, bem leves. E um pacote a espera na porta.
"Sinto muitas saudades. Te amo demais. Estou ferido gravemente, e não sei se sobreviverei. Queria estar com você agora, debaixo da sacada. Mande notícias, seu eterno apaixonado." A carta amarelada pelo tempo a deixou desesperada. A data, uma semana após a ida dele ao exército. Foi olhando as cartas do pacote, uma atrás da outra, ele a escrevia uma vez por semana. E elas nunca haviam chegado. E toda aquela aflição! Recomeçou então pelas cartas mais brancas. Talvez saberia a data próxima de seu falecimento, e rezaria por ele e sua alma. E seu coração disparou, e leu e releu muitas e muitas vezes. A data era de dois meses atrás, apenas! - "Meu amor, preciso de notícias suas. Ainda não esqueci de você, e desculpe a falta de frequencia nas cartas, não posso mais enviá-las todas as semanas. Estou voltando para casa logo que puder andar novamente, espero que não tenha me esquecido. Hoje as estrelas estavam lindas, dá pra ver o céu da janela do hospital. Penso em você todas as noites, Te Amo."
O coração batia forte e olhou para fora. As nuvens encobriam as estrelas. Não importa, pensou ela. As verei debaixo da sacada, numa noite limpa. Nos braços dele, nos braços dele. Mesmo sem observá-las, fez uma prece. Agradeceu. Agradeceu às estrelas por, depois de muitos anos, terem atendido ao pedido que ela nem chegou a fazer.





  • Agora, garotas. Sinto-me lisonjeada em fazer minha primeira publicação. E passo a vez: Agora é a história de uma moça dos anos 80, que quer estudar fora de sua cidade mas enfrenta o preconceito dos pais. Deverá conter: Lençóis rasgados, danceteria, notas ruins e saia plissada.
Camila Bellon

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Memórias em um cinzeiro.

Bom, aceitei pegar na primeira batata (ui). O desafio lançado por Aline Dias foi o seguinte: fazer uma história sobre uma dançarina de can can. Segundo ela, "alguns elementos não podem ser deixados de fora da história, e eles são: vinho, vermelho, chapéu, lua". Espero que gostem. E a história é...


... Memórias em um cinzeiro.

Julie transpirava amargura. Acendeu seu longo cigarro, colocando-o entre os lábios pintados de um vermelho berrante. Estava sentada em sua poltrona desgastada, com as pernas pousadas sobre a escrivaninha de madeira envelhecida. Como ela. Sobre o móvel estavam um cinzeiro transbordando guimbas de cigarro, uma garrafa de vinho barato e um gravador. Julie encarou esse último e bebeu mais um longo gole do vinho. Pegou o gravador e apertou play.

Sei que vou morrer. Sei que vou morrer e nada mais me agrada nesse momento senão minha morte. Minha doce Amy está me esperando, e isso me dá forças que não existem para um último adeus. Mas eu prefiro dizer até breve. Não quero falar de mim, quero falar de Amy. Preciso que todos saibam que ela foi, é e sempre será a que amei mais do que tudo nesse mundo. Ah, Amy...

Julie, apertou pause e silenciou-se. Ficou alguns minutos assim, com os olhos azuis cheios de lágrimas observando a lua pela janela. Acendeu outro cigarro.

Naquela noite havia uma lua exatamente assim, redonda e brilhante. Você se lembra, Amy? Eu não poderia esquecer. Foi ela que iluminou seus passos até mim. E eu tive certeza no momento em que te vi. Certeza de que era você, e ninguém mais, que faria meu coração bater daquela forma para todo o sempre. Mesmo que naquela hora sua maior preocupação fosse me pedir um simples emprego de faxineira. Mas eu sabia que você poderia ser muito mais, Amy, muito mais. E os anos que se seguiram comprovaram isso. O seu sucesso ofuscou o meu, mas não me importei, porque seu sorriso depois de cada noite era minha recompensa. Seu sorriso que fazia valer à pena cada noite torturante em que seu brilho era maior do que de todas as outras dançarinas, cada noite em que via todos aqueles olhares masculinos repletos de desejo depositados sobre seu corpo e aquelas mãos que tentavam lhe tocar em vão. Eles não sabiam, mas você era minha. Você não sabia, mas era minha.
Ah, Amy, como seus sonhos me enchiam de pavor. Você queria um grande amor, partir e conhecer o mundo, eu não podia deixar. Eu era seu grande amor, como não podia enxergar isso? Eu rezava sempre para que seu príncipe encantado nunca chegasse. Mas ele chegou. E quando ele tirou o chapéu em uma reverência e eu te vi apaixonando-se por ele... Amy, me desculpe. Me desculpe.

As mãos de Julie tremiam. Apagou o cigarro no cinzeiro, e terminou de beber o que restava do vinho. Abriu a única gaveta da escrivaninha, e retirou uma faca com manchas vermelhas e escuras. Ficou olhando melancolicamente para as manchas, mas seu próprio sangue foi a útima coisa que viu.



E eu desafio as blogueiras com o seguinte tema: uma garota que vira soldado e vai para a guerra. A história deverá conter: céu estrelado, banco na praça e cartas envelhecidas com o tempo. Batata quente lançada e boa sorte!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A primeira batata

Esta simpática senhora cabeça de batata não está neste blog à toa. Na verdade, ela representa o que há por vir.




Somos três mocinhas elegantes, umas gracinhas, vocês têm que ver!




E nós três escreveremos nesse blog sempre que conseguirmos, já que não será exatamente fácil. É um jogo, queridos. Um jogo de narrativa e desafio. Cada post conterá um texto que atenderá ao desafio anterior. Quem postar faz o desafio seguinte. É assim que manteremos a batata quente e maravilhosa!




Quanto a nós, somos blogueiras de alguma data e fazemos comunicação. Também formamos uma escada, a começar por mim.









Eu tenho essas bochechas grandes e sou bem pequena, menor que a maioria das pessoas do sexo feminino e da minha idade. Tenho um lindo blog cor-de-rosa e sou leonina das mais leoninas.


Darshany é outra bochechuda morena que é mais alta que eu, mas não é tããããão alta assim, é um docinho de côco e escreve num blog verde. Acredito que ela não vá dar muito problema, por que é ariana e eu gosto de pessoas de áries.








Camila Bellon é uma leonina maior que a maior parte das pessoas, independentemente do sexo, que já caiu de uma tirolesa e tem um blog multicolorido.






E por fim, como eu fiz o primeiro post, faço o primeiro desafio. E vai ser o seguinte:


A história de uma dançarina de can can.


Mas é importante ressaltar que alguns elementos não podem ser deixados de fora da história, e eles são:


*vinho


*vermelho


*chapéu


*lua


Enjoy, Girls!