quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Vinte anos

Batata da Darsh: Um amor de (pré)adolescência que ressurge aos 20 anos.

Sandy e Júnior - Quando você passa



Vinte anos

“- Olha. Meu tio é policial. Se você continuar me batendo eu vou pedir pra ele te prender.
- Grande coisa! O meu pai é advogado e eu vou mandar ele prender você continuar implicando comigo.
- Você é uma boba mesmo!
- Você que é bobo e chato!
- Horrorosa!
- Eu não quero mais namorar com você!
- Nem eu!
- NUNCA MAIS APARECE NA CASA DA MINHA AVÓ PRA ROUBAR FRUTA POR QUE EU NÃO QUERO TE VER!
- A minha mãe compra fruta pra mim.”


O namoro dos dois terminou assim, quando eles tinham cinco anos de idade. Amanda namorava Tiago desde os quatro, mas eles só se viam quando ela ia na casa da avó, que ficava no litoral. O menino loirinho morava na casa de baixo e era uma graça. Os dois se implicavam e andavam de mãos dadas.
Ficaram brigados pelo menos até os oito anos. Depois se juntaram para incomodar todos os vizinhos. Aos doze, descobriram que os dois tinham mais em comum do que o fato de serem ambos adolescentes esquisitos. Trocavam olhares e lembravam do namoro besta de criança. Se achavam muito adultos e acabaram trocando um beijo em baixo de uma árvore. Era a coisa mais esquisita e gostosa do mundo essa coisa de beijo sem mãe saber. Causava sorrisos e timidez. Mantiveram-se beijando-se por todo o mês das férias dela.
Quando Amanda voltou ao litoral, Tiago já não morava na casa de baixo nem roubava frutas. Foi sua primeira decepção, com doze anos e meio – quase treze.
Amanda começou a faculdade com dezoito anos e teve seu primeiro namoro realmente sério nesta mesma época. Com vinte, estava solteira de novo.
Foi numa dessas calouradas que ela viu de relance uma pessoa loira que parecia conhecida. Trocaram olhares e a cerveja gratuita os aproximou.
- Amanda, prazer.
- Tiago.
- Tiago de onde?
- Amanda!
- Tiago!
Abraços e risadas, mais conversa do que tudo. A vida posta em dia, relatada com fidelidade e muitas omissões de ambas as partes. Os dentes de ambos não se continham na boca. Encontrar o amor de infância em uma festa do curso não é coisa de todos os dias. Sorrisos!
Nenhum beijo.
Trocaram contatos e se conversaram por uns meses. Foi quando ela foi para a casa da avó e os dois marcaram de se ver num bar perto da praia.
Muitas risadas e piadas bestas. Ambos tinham se tornado bonitos e interessantes (mais do que o que podia ser previsto por ambos).
Sentaram-se à beira-mar com dois cocos e comentaram as estrelas pra evitar os olhos. Depois concordaram que dos antigos amigos, tanto ela era a mais bonita quanto ele era o mais bonito.
- Mas olha, a Júlia sempre foi bacana.
- Amanda, a Júlia sempre foi uma besta. Bestas não me atraem.
- Eu era o que?
- Sei lá. Eu era o que? – ele perguntou e ela olhou pra baixo meio sem saber o que responder, meio sem querer falar o que queria.
- A gente podia se beijar agora. – ele disse em tom de piada.
- É. E aí a gente teria coisas divertidas pra fazer, afinal de contas, aqui nunca tem nada pra fazer.
- Bom. A gente também pode jogar videogame.
- Eu não tenho.
- Quer jogar lá em casa?
- Até parece que eu vou na sua casa, Tiago.
- Qual é! Eu não vou te atacar. A minha mãe está lá.
- Não. Acho melhor a gente se pegar mesmo. Eu sou péssima jogando videogame.
- Tudo bem.
- Mas se bem que Mário eu gosto! – Amanda falou num tom mais alto pra tentar não ficar sem graça.
- O legal é que nós dois estamos brincando mas sabemos exatamente onde isso vai dar.
- Eu não sei não.
- Tem certeza? – ele disse, sorrindo e se aproximando devagar do rosto dela até ficar quase colado.
A respiração dela ficou forte e ele ainda apenas sorria a menos de um palmo da boca dela. Amanda – sempre falante – nem sabia o que dizer. Ficaram os dois mudos e ele terminou de se aproximar.
Se beijaram à beira mar sob um céu muito bordado de estrelas.
Então foi mais um mês de beijos, mãos, bocas e pernas.
Por Aline Dias


Minha batata escrota: responder todos os memes do Batata.

7 comentários:

Lari Bernardi disse...

OMG!

Ficou lindoo... dá pra imaginar isso acontecendo perfeitamentee...

;*

Lari Bernardi disse...

Ah..

tem selihno pro batata, lá no flor...

bia de barros disse...

sua escrota: eu farei sua batata.

obs: adorei o fato de eles se conhecerem desde pirras, mto romantismo de passarinhos da disney.

*=

Darshany L. disse...

ai que lindo.

Gabriela disse...

Parabens pelo texto! Dá realmente pra sentir qse todas as sensações!

Parabens!

Lari Bohnenberger disse...

Que fofo!!!!
Adorei! Reencontros inesperados são sempre emocionantes.
Bjs!

José Carrilho (Go Detail) disse...

E nós continuamos a complicar o que é simples.
Quando é que iremos aprender que as coisas simmples são as melhores da vida ?
Gostei de ler a tua história.

José